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Publicado em 17/02/2014 ás08:30
O nome do deputado estadual Romildo Titon (PMDB) aparece 881 vezes no relatório final de investigação policial encaminhado pelo MP (Ministério Público) ao TJ (Tribunal de Justiça). Em 671 páginas, a investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) apresentou cópias de ligações telefônicas, trocas de mensagens de texto, além de fotos. O material revela a proximidade do atual presidente da Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina) com os empresários considerados os chefes das organizações criminosas que cometeram irregularidades na perfuração de poços artesianos em 17 municípios das regiões Oeste, Meio-Oeste e Serrana de Santa Catarina, além de municípios do Paraná.
A Operação Fundo do Poço foi deflagrada pelo MP em novembro de 2013, após cerca de um ano de investigações. As irregularidades envolveram contratos de R$ 4,9 milhões. Deste valor, R$ 813 mil foram solicitados ou prometidos a título de propina e pelo menos R$ 500 mil foram efetivamente pagos. Além de Titon, foram denunciados o secretário de Desenvolvimento Regional de Campos Novos, Luiz Antônio Zanchett, os prefeitos Inês Terezinha Pegoraro Schons, de Celso Ramos, Lucimar Salmória, de Abdon Batista e Walter Kleber Kucher Júnior, de Erval Velho, os vice-prefeitos Fernando Mocelinm, de Abdon Batista e Valmor Pedro Bacca, de Peritiba. Ainda, mais 15 servidores ou ex-servidores públicos, oito funcionários de empresas, nove empresários e um advogado também foram indiciados. Os empresários Miguel Atílio Roani e Luciano Dal Pizzol foram indiciados e permanecem presos. Sobre os acusados pesam denúncias de corrupção passiva e ativa, peculato, que é o desvio de dinheiro público e organização criminosa, entre outros.
Além dos indícios já consolidados, no dia 4 de fevereiro o relator do caso no TJ, desembargador José Trindade dos Santos aceitou o pedido do MP para continuar a investigação. Existem provas de que houve a prática de outros crimes em cerca de 80 municípios. O magistrado autorizou que os dados sejam compartilhados e individualizados para cada uma das promotorias de Justiça que têm jurisdição sobre as cidades com contratos sob suspeita. Para Trindade dos Santos, os 80 volumes de documentos e mais de um ano de interceptações telefônicas podem demonstrar “ramificações criminosas” e crimes já cometidos nos outros municípios citados na denúncia entregue ao TJ em dezembro de 2013.
Além de R$ 60 mil e da promessa de construção de um poço artesiano em seu sítio, no valor de R$ 275 mil, segundo o inquérito criminal, o deputado Romildo Titon teria recebido mais R$ 10 mil após conseguir recursos para novas escavações no município de Ouro, no Meio-Oeste catarinense. Segundo os áudios e os documentos anexados à denúncia, Titon passou, desde 2012, a fazer “veementes esforços” para patrocinar os interesses das empresas de perfuração de poços artesianos junto às autoridades, visando alterar as normas ambientais para facilitar ainda mais a atuação dos dois grupos e em “detrimento do meio ambiente”.
O deputado estadual Romildo Titon nega fraude em licitação e cobrança de propina. Admite apenas que pediu doação para campanha de correligionários, nas eleições de 2012.
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