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Publicado em 30/10/2014 ás15:00
Novas oportunidades, enriquecimento profissional, acadêmico e pessoal. Esses foram alguns dos motivos que levaram Jéssica Muller a fazer intercâmbio durante a graduação. Aluna do curso de Engenharia de Controle e Automação do Instituto Federal Catarinense (IFC) Câmpus Luzerna, Jéssica tem 20 anos e é natural de União da Vitória, Paraná. Desde abril ela está em Winnipeg, no Canadá, onde cursa parte da graduação na Red River College. A oportunidade surgiu graças ao programa Ciência Sem Fronteiras, do governo federal. Conversamos um pouco com a Jéssica, via e-mail, sobre suas experiências no exterior. Confira.
– Como surgiu a ideia de fazer o intercâmbio?
A ideia de deixar a zona de conforto e partir para o desconhecido em busca de aprendizado sempre me cativou, e fazer um intercâmbio tem tudo a ver com isso. Porém, é um processo longo e caro. O programa Ciência Sem Fronteiras apareceu como uma oportunidade de realizar esse sonho.
– Como você se preparou para a viagem?
O processo é demorado, então paciência foi fundamental. O primeiro passo é buscar informações sobre o programa e também os editais que estão abertos no momento. Depois disso você precisa comprovar sua proficiência na língua, fazendo as provas do TOEFL ou IELTS, por exemplo. Com o edital escolhido e os documentos enviados, o processo vai acontecendo. São várias etapas de análise da documentação. Conforme você avança nas etapas a ansiedade fica cada vez maior, e aquele frio na barriga vai aparecendo. Fazer o passaporte com um pouco de antecedência também é algo a se pensar, pois muitas vezes pode ser um pouco demorado para conseguir a entrevista. Com relação ao edital, com todos os atrasos dos prazos, o processo todo demorou em média oito meses.
– Na sua área de atuação, qual o diferencial de fazer o intercâmbio?
Para a engenharia, no meu caso Engenharia de Controle e Automação, o intercâmbio tem um peso muito grande. Apenas o fato de você ter vivido por um ano e meio em outro país e ter uma segunda língua fluente ajuda muito na hora de conseguir emprego. Além do inglês e das aulas na faculdade, fui contemplada pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) com quatro meses para um estágio. A empresa é definida pelos próprios alunos, que devem procurá-la como se estivessem procurando um emprego, entregando currículos e participando de entrevistas – outro fato que colabora na preparação do aluno para o mercado de trabalho. Todo o conhecimento ganho em sala de aula será posto em prática num ambiente de trabalho diferente do que estamos acostumados no Brasil, com novas tecnologias e métodos. Isso sem falar que há a possibilidade de um emprego em uma dessas empresas após a formação.
– Quais as atividades (curriculares ou não) que você faz?
Logo que cheguei aqui havia sido contemplada pela Capes com quatro meses de curso de inglês. As aulas eram pela manhã e à tarde. Como cheguei no final do inverno, logo as temperaturas subiram e oportunidades de lazer não faltavam. O local do curso é em frente a um parque muito bonito e frequentado, o The Forks, e nos intervalos sempre havia a possibilidade de dar uma volta pelo local. Vim com um grupo de brasileiros e, no começo, estávamos hospedados na residência da faculdade. Sempre encontrávamos atividades extras, fosse passear no parque ou acompanhar um dos muitos festivais de verão que acontecem pela cidade. Na faculdade as aulas também são o dia todo, mas com horários um pouco mais completos. Além disso, é disponibilizado academia, e há times de basquete, vôlei e futebol. Resumindo, o número de atividades extras na faculdade é bastante grande e há sempre algo novo para ser feito.
– Quais impressões você teve do país e da cultura local?
Ao contrário do que muito se diz, os canadenses não são frios. Chegando aqui encontrei um povo extremamente educado e disposto a ajudar. É claro que o afeto não é demonstrado como no Brasil, onde há mais contato físico. Mas todos são muito educados e estão dispostos a responder suas dúvidas e até a dar dicas. Aqui a educação superior é toda privada, então o fato de o Brasil ter universidades públicas e um programa que manda alunos para estudar fora do país deixa a maioria deles encantada. Percebi também que o Brasil é muito conhecido por seu futebol (como era de se esperar), mas também que, para os canadenses, o Brasil se resume apenas a São Paulo e Rio de Janeiro. Talvez seja algo a se pensar – divulgar mais o resto do nosso país que é muito rico culturalmente e em belezas naturais.
O transporte público funciona muito bem, os ônibus possuem horários cronometrados, e a criação de aplicativos para smartphones ajuda na hora de traçar a sua rota e saber qual ônibus pegar e em qual parada você deve descer. Minha opinião sobre o Canadá é de que é um país de primeiro mundo, que tem seus problemas, mas com pessoas amistosas e educadas, sistemas públicos eficientes e riquezas culturais e naturais que fazem dele um ótimo lugar para se viver.
– Que dicas você dá para os estudantes que gostariam de fazer um intercâmbio?
Não tenham medo ou receios. Se você tem interesse procure os editais e tente. Acredito que a pergunta que mais ouvi durante todo o processo foi “você não tem medo de ir para um país completamente diferente sem conhecer ninguém?”. E a resposta é sim, aquele medo sempre bate, o receio de não se acostumar com a cultura nova, de não encontrar amigos pra quando a saudade de casa aperta. Mas é esse medo que dá vontade de experimentar o novo, de conhecer coisas e pessoas novas, ver o mundo com outros olhos. O crescimento pessoal numa experiência como essa é muito alto, então apesar da insegurança vale muito a pena.
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